O Medalhão e a Adaga, de Samuel Medina

Medalhões, adagas, broas de fubá e arqueiros


O autor mineiro Samuel Medina nos presenteia em seu livro O Medalhão e a Adaga com um universo audaz: imagine uma terra onde nosso folclore tão rico e influências clássicas da fantasia dêem as mãos. Arqueiros, entidades folclóricas, exércitos em guerra, broas de fubá, vilas interioranas e personagens envolventes, tudo isso e muito mais unido em uma amálgama de elementos interculturais que são uma verdadeira homenagem à fantasia presente no imaginativo de nosso Brasil ou de terras gringas. O jeito como o autor conseguiu combinar mitologias tão distintas é realmente interessante, com um destaque especial para a linguagem, cuja forma caracteriza todo um povo de um ambiente interiorano, tal como moradores de roças mineiras espalhadas em uma Terra-Média. Da mesma forma, diversos outros elementos díspares do convencional em uma obra de atmosfera épica, como a culinária típica de nossas terras, interagem com nossa identidade cultural e criam identificação com os leitores nacionais. 

As cenas de ação atmosferizam o leitor com velocidade e criam adrenalina na leitura, em que a sensação de urgência dos conflitos te fazem passar páginas sem ver, trazendo à tona sensações semelhantes aos combates descritos por Bernard Cornwell. A mitologia da obra de Medina, além de resgatar outras mitologias, locais e clássicas, tem também elementos próprios que fortificam substancialmente a organicidade de sua criação e dão um tempero muito próprio. Prepare-se pra se deparar com arqueiros sagrados, com animais falantes, com as perigosas criaturas do Vazio e poderes mágicos diferentes do que o leitor de fantasia está acostumado – ah, sim, a magia, ela merece um destaque também, pois ela acontece de modo contrário às aparições ritualísticas e morosas de outras obras, conjuradas com elegância simples, um sistema próprio de funcionamento e muita ação. Nada de 6 páginas de lenga-lenga de um mago invocando poderes medianos; uma palavra, um gesto, algum instrumento apropriado e boom! E se você não sair correndo, vai pegar fogo antes que se dê conta. Essa maneira imediata da magia acontecer favorece muito os momentos de ação de O Medalhão e a Adaga.

O protagonista Bildan, assim como outros personagens, mesmo alguns apresentados brevemente, tem evoluções notáveis ao decorrer do enredo, encontrando-se ou perdendo-se entre seus conflitos em uma jornada em que o leitor se pega aprendendo e vivenciando suas viagens e aventuras juntos. 

Se você deseja acompanhar o menino Bildan crescer e vivenciar viagens perigosas entre broas de fubá com café, gigantes, magias, animais falantes, arqueiros sagrados, bárbaros, sacis, mulas-sem-cabeça, criaturas do vazio e até guerras políticas, sinta-se à vontade para saborear esta beleza de proposta literária com a nossa cara, com a cara dos clássicos épicos, não, com a cara de tudo que é bom em matéria de fantasia!

O Autor


Samuel Medina nasceu no Rio de Janeiro, Capital, em 1981, mas passou sua infância no interior de Minas Gerais. Graduado em Letras, trabalha como servidor público municipal na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte.










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