Experiência literária e contemplativa sem igual!
Livro de um grande professor de Inglês e Literatura que tive no Curso de Letras da PUC Minas. A premissa é interessantíssima: em certa família, toda vez que o filho completa 20 anos, ele tem de ir até a Mulher de Nanquim e contá-la uma história. Como assim uma Mulher de Nanquim? Uma mulher com o corpo completamente tatuado. Cada tatuagem corresponde a um conto diferente conhecido pelo corpo e pela mente da misteriosa e é quase impossível não perguntá-la sobre uma a uma...
As várias tatuagens-conto da mulher exploram diversas temáticas do humano, compondo um convite irresistível à reflexão sob a forma de fábulas, crônicas, contos e uma noveleta épica no meio disso tudo chamada "IBN". O realismo mágico da obra impera de uma forma que nunca vi em nenhuma outra, com uma mistura surrealista e epopeica: algo como uma Odisseia ambientada em um mundo de alta fantasia, com o clima de contação de histórias d'As Mil e Uma Noites. Apesar da intertextualidade ser um ponto alto da obra como um todo, ela é de uma originalidade e criatividade absurda.
No instante em que encerrei a leitura, bateu uma ressaca literária que eu não sentia havia anos. A capacidade contemplativa de cada conto e da macrotrama que os une me deixou uns bons minutos com o livro fechado, terminado em mãos, minha mente vazia e cheia olhando para o nada (ou o tudo?). Espero poder travar outras aventuras pelas narrativas do autor.
O Autor
Alexandre Veloso de Abreu possui graduação, mestrado e doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atualmente é professor Adjunto III da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em língua e literaturas de língua portuguesa e inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: estudos literários, epopeia, romance, estudos comparados, cinema e semiótica. Além de A Mulher de Nanquim, o autor já publicou também o romance Edoneu.
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