quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Book VS E-Book (e copos)

Nós, os leitores, somos espectadores de uma grande batalha travada nestes tempos: a do livro físico contra o livro eletrônico.


Infelizmente, nosso país não é um país de leitores (ainda!) e se é difícil encontrar entre nossa população pessoas que leem por prazer e não fazem careta quando o assunto é livro, mais difícil ainda é encontrar entre estes aqueles que praticam a leitura de livro digitais, os e-books. Contudo, a leitura do livro eletrônico é algo que está pouco a pouco adaptando-se ao leitor brasileiro, o que chegou a elevá-lo ao título de adversário com relação a seu irmão clássico e cheiroso.

Nos últimos dois anos, o panorama do embate entre os dois veículos de leitura desenha-se do seguinte modo:

1º Round – 2013: Segundo o Estadão, a venda de e-books no Brasil cresceu 225% enquanto o mercado editorial perdurava em uma crise, um reflexo apropriado do embate no resto do mundo.







2º Round – 2014: De acordo com pesquisa do Financial Times, o livro  físico reagiu e a venda do livro em papel superou a venda de e-books, com previsão para se manter assim por um bom tempo.







Há aqueles que dizem que o e-book veio para derrubar o irmão soberano e fadá-lo ao esquecimento e ao obsoletismo eterno. Há outros que defendem ortodoxamente que todo o barulho causado pelo livro digital é modista e não passa de pó a ser varrido pelo vento em breve. Quem você acha que está certo?

Na minha humilde opinião, nenhum dos dois.

Nenhum dos dois porque ambas as experiência de leitura, seja em um kindle ou em um livro tradicional, são inteiramente diferentes apesar de compartilharem o mesmo propósito da leitura. É como se tivéssemos que escolher entre um copo de plástico e um de vidro para bebermos água: o objetivo é matar a sede, mas a sensação de beber em cada um é diferente. Quando surgiram os primeiros copos de plástico, com muita certeza que uma onda de opiniões profetizou o fim da era dos copos de vidro, "Quem mais vai querer estes copos pesados que quebram e viram uma arma contra (ou para) quem os usa????"... e apesar disso, os dois copos são bons amigos na maioria dos lares, cumprindo bem o seu papel. Assim, ler um e-book e um livro de papel nos trazem diferentes sensações, explorando nossos sentidos de modo único. 



No livro de papel, a visão flagra o contraste único do preto-no-branco do papel, o tato capta  a textura do material impresso, o olfato percebe o tão celebrado cheiro novo/velho do objeto-livro e mesmo a audição nos traz o prazeroso som do passar de folhas. Todas essas sensações terminam por criarem uma relação entre o livro-físico e o livro-"espiritual' – cada livro terá uma identidade própria para nossa mente leitora, unindo essas duas camadas.

Quando pensamos no e-book, temos múltiplas formas de lê-lo, embora a forma mais confortável seja por meio dos e-readers (como o kindle, da Amazon, e o Lev, da Saraiva), o que não impede ninguém de ler no notebook, tablet ou celular. A experiência das sensações quando lemos um e-book intensifica-se mais na visão, enquanto olfato/tato/audição tornam-se mais ligados ao eletrônico utilizado... isso quebra a ligação que fazemos entre livro-físico e o livro-"espiritual", já que a experiência física é sempre a mesma, enquanto o texto lido é o que muda e torna-se a obra, com exclusividade. Essa desvinculação entre a parte material e textual do livro torna-se o maior motivo de resistência do leitor tradicional (como a que eu enfrentei); é a diferença de gosto da água no copo de vidro e no copo de plástico.

Diferença. Nem pior, nem melhor, só diferente.

Não é necessário que excomunguemos os velhos livros de papel em prol das novas manifestações tecnológicas. Não é necessário que neguemos as novas tecnologias de leitura defendendo a tradição física como um dogma universal. Embora todos tenham a sua preferência (entre o copo de vidro e o de plástico),  qualquer um desses extremos só servirá para negarmos novas experiências leitoras e deixarmos também de aproveitar as vantagens de um ou outro. O e-book não veio para substituir o livro, mas sim para expandir possibilidades como um aliado no propósito da leitura. 

Books e E-books, parem de brigar. E obrigado pelas leituras.

4 comentários:

  1. Só bebo água em copo de vidro :) Mas espero abrir minha mente (e o bolso) para um dispositivo e-reader... um dia :) - Embora haja, no tocante financeiro, provavelmente, uma recuperação rápida do investimento, por um e-book ser relativamente mais em conta. Certo?

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    1. Certo! Apesar que muitas obras mega-blockbuster-best-sellers podem acabar quase tão caras quanto o livro físico, mas no geral há vantagem econômica sim!

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  2. Olá, Sario!
    Repetindo aqui o comentário que deixei lá no CAF:
    Falando sobre minha experiência pessoal, não compro mais livro físico tem uns 3 anos no mínimo, desde que importei meu Kindle há 4 anos, que ainda não era vendido aqui. Não tenho nada contra o papel, muito pelo contrário. Muito menos tenho contra quem gosta e prefere. Cada pessoa prefere um tipo de experiência. Os meus motivos para preferir os ebooks são os mais diversos: o primeiro deles é que amo praticidade. Além disso, tenho uma estante enorme lotada de livros (já doei um monte, mas ainda assim tem muito) e mais dezenas deles encaixotados, empilhados no "quarto da bagunça". E desde que comecei a ler os digitais, perdi completamente a paciência com os de papel. Não me importo com cheiro de livro novo, especialmente porque o cheiro da cola ataca minha alergia. Nos digitais tenho facilidades que o papel não me permite e isso pra mim é tudo de bom.
    Sobre o fim do impresso, acho que um dia tudo sempre muda, como foi o caso com o pergaminho, a fotografia, os discos de vinil, VHS etc. Acho que os ebooks e os impressos ainda conviverão por muito tempo, fazendo a alegria de vários tipos de público. No entanto, os ebooks ainda estão engatinhando e vão evoluir muito, vide projetos de realidade virtual e aumentada. Interatividade conquista sempre muita gente e a tecnologia costuma puxar o consumo, então num futuro distante, penso que os livros de papel ficarão no passado sim, bem como os ebooks no formato atual, também. Nada é para sempre e a mudança, na minha opinião e em qualquer área, é inevitável. Minha preferência, como falei, é para os ebooks. Quando não encontro um título que quero em ebook, costumo desistir dele, a não ser que seja imprescindível para algum projeto, estudo ou algo do gênero. Questão de gosto, preferência pessoal.
    Abraços,

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    1. Obrigado pela reflexão e comentário, Camila! De fato, é o que o artigo quer dizer: se um é melhor que o outro, isso é uma resposta bem pessoal! Tenho pra mim que livros e e-books só são diferentes mesmo e transmitem diferentes e únicas sensações através do prazer da leitura! Não se pode é dar bobeira de aproveitar as vantagens de ambos, o que consigo fazer. Geralmente ando com o kindle e um livro físico na mochila, haha! :)

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